quarta-feira, 19 de março de 2014

Pedras clamariam o que? E podemos impedir alguém de falar do Senhor, mesmo que não siga adequadamente?

Graça, Paz e Alegria!

Parece mais fácil ver uma "pedra clamando" que entender que "quem não é contra nós, é por nós"...

Somos capazes de notar claramente quando uma pessoa diz algo que se aproxima do Evangelho (e muitas vezes é apenas isso: se aproxima, não é ainda) e dizemos que se nos calamos, as pedras clamam...

Vamos ler o texto de Lucas 19.28-41:

28 Tendo Jesus assim falado, ia caminhando adiante deles, subindo para Jerusalém.
29 Ao aproximar-se de Betfagé e de Betânia, junto do monte que se chama das Oliveiras, enviou dois dos discípulos,
30 dizendo-lhes: Ide à aldeia que está defronte, e aí, ao entrar, achareis preso um jumentinho em que ninguém jamais montou; desprendei-o e trazei-o.
31 Se alguém vos perguntar: Por que o desprendeis? Respondereis assim: O Senhor precisa dele.
32 Partiram, pois, os que tinham sido enviados e acharam conforme lhes dissera.
33 Enquanto desprendiam o jumentinho, os seus donos lhes perguntaram: Por que desprendeis o jumentinho?
34 Responderam eles: O Senhor precisa dele.
35 Trouxeram-no, pois, a Jesus e, lançando os seus mantos sobre o jumentinho, fizeram que Jesus montasse.
36 E, enquanto ele ia passando, outros estendiam no caminho os seus mantos.
37 Quando já ia chegando à descida do Monte das Oliveiras, toda a multidão dos discípulos, regozijando-se, começou a louvar a Deus em alta voz, por todos os milagres que tinham visto,
38 dizendo: Bendito o Rei que vem em nome do Senhor; paz no céu e glória nas alturas.
39 Nisso, disseram-lhe alguns dos fariseus dentre a multidão: Mestre, repreende os teus discípulos.
40 Ao que ele respondeu: Digo-vos que, se estes se calarem, as pedras clamarão.

Quer dizer que tem um contexto? Não é qualquer coisa? Bom... pelo contexto, podemos entender que quando nos calarmos de anunciar quem é Jesus, até mesmo pedras podem clamar. Quando nos calarmos no anúncio sobre a pessoa de Jesus, quem Ele é, o Messias esperado, aquele que vem em nome do Senhor, o cumprimento da profecia, neste caso, pedras clamarão e anunciarão em nosso lugar. Mas, muitas vezes, vemos esse contexto das "pedras clamarem" em qualquer coisa que se aproxime da mensagem do Evangelho... As pedras estarão clamando de fato quando nos calarmos e deixarmos de anunciar quem é Jesus e aí, as pedras dirão quem Ele é... é como vejo...

Mas... quando aparece um "pregador" que parece misturar muitas coisas na mensagem, já saímos "denunciando" como falso pregador. Como não temos a chance de "impedir" o pregador, queremos "desmascarar" o mais rapidamente possível...

Como fica o texto de  Marcos 9.38-41? Vamos ler:

38 Disse-lhe João: Mestre, vimos um homem que em teu nome expulsava demônios e nós lho proibimos, porque não nos seguia.
39 Jesus, porém, respondeu: Não lho proibais; porque ninguém há que faça milagre em meu nome e possa logo depois falar mal de mim;
40 pois quem não é contra nós, é por nós.
41 Porquanto, qualquer que vos der a beber um copo de água em meu nome, porque sois de Cristo, em verdade vos digo que de modo algum perderá a sua recompensa.

Não devemos impedir aquele que, mesmo não seguindo, faça algo em nome de Jesus. O texto diz que um homem expulsava demônios, mas não seguia a Jesus e João contou que eles o proibiram de fazer isso (expulsar demônios). Jesus diz que não é para fazer assim! E não falou apenas em "expulsar demônios", mas falou em fazer milagres ou que viesse a dar água (suprir uma necessidade), quando fizesse no nome Dele, mesmo que "não seguisse".

Mas aí temos que entender os alertas nas Cartas Pastorais, deixando claro que alguns pregadores não faziam a obra do Senhor de fato e esses deviam ser observados com cuidado e nem mesmo dever-se-ia dar ouvidos a eles! São alguns textos e não iremos citar por aqui, mas acredito que muitos tenham esses textos na lembrança.

Bom, vamos entender: esses "pregadores" que vemos alertas nas Cartas Pastorais eram pessoas reconhecidas como parte dos "do Caminho", dos seguidores de Jesus e anunciadores da mensagem! Eram "parte integrante" da comunidade e queriam, claro, ter tal reconhecimento no meio da comunidade de fé. Hoje em dia temos muitas igrejas, denominações e lugares de reunião, não apenas um em cada cidade, como parece que era nos dias do Novo Testamento, até por conta da concentração maior de pessoas em determinados lugares, inviabilizando a ideia de ter apenas uma única comunidade por cidade, como alguns ainda pensam ser o certo.

Assim, muitas vezes, as diferentes comunidades ficam alertando sobre os erros dos pregadores de outras comunidades. Diferentemente do que ocorria nos dias das Cartas Pastorais, onde o alerta era dado por conta de alguém que se entendia como parte da comunidade mesmo onde o alerta era dado ou, quando muito, era um "pregador itinerante", indo de igreja em igreja, precisando ser recebido, acolhido e ter a chance de falar alguma coisa naquele lugar, na própria comunidade. O alerta não era para os pregadores de outras comunidades, mas para os da própria!

Dessa forma, entendo que não cabe a necessidade de "alertas" sobre os pregadores de outras comunidades. O que precisamos é pregar a mensagem de fato, como ela realmente é e mostrar com a diferença na mensagem a realidade do verdadeiro fruto, que não é necessariamente ter muitas pessoas por perto, mas ter uma vida transformada e dirigida pelo Senhor! Quando muito, esses pregadores de outras comunidades, não seguem de fato a Jesus e, mesmo assim, acabam realizando algumas das obras, como no caso do homem que expulsava demônios, mesmo sem seguir a Jesus. Claro que no discipulado, no acompanhamento dos da fé, é importante dar o devido alerta para o reconhecimento do anúncio da verdadeira mensagem. Isso vai fazer com que os fiéis, dirigidos pelo Espírito Santo e não por seu alerta, possam discernir a mensagem pregada em outras comunidades e buscar onde ela realmente tem coerência com o que a Bíblia revela...

Forte Abraço!
Em Cristo,
Ricardo, pastor