sexta-feira, 14 de outubro de 2022

Por que tarda o avivamento?

Olá! Graça, Paz e Alegria!

Sei que há um livro com um título parecido. Mas não estou indo necessariamente na direção do livro. Estou preocupado com o rumo que as coisas estão tomando na pregação do Evangelho e do testemunho por parte de alguns em nossos dias, bem como com a realidade que novos evangelizados (talvez alguns pequeninos - não apenas crianças em idade, mas pensando em novos convertidos) estão tomando contato com uma mensagem estranha (e podendo tropeçar por isso), e é com isso em mente que escrevo na mesma linha da ideia que dá título ao livro que ainda tem um "pleno" antes de "avivamento", livro de Leonard Ravenhill.

Sim, é um texto longo e poderia ser maior, porque apresento os pontos mais discutidos e os mais negligenciados a cada momento que alguém tenta fazer parecer que o seu candidato preferido representa melhor os "princípios Bíblicos"! Mas acredito que quem "pagar o preço" da leitura poderá ter a chance de, se for necessário, ajustar as coisas no pensamento, nas falas e nas ações. E se não for necessário ajustar, será para edificar e fortalecer!

Minha preocupação não é com defender ou ir contra qualquer dos candidatos. A minha preocupação como Atalaia nesse assunto é essa loucura de tentar fazer parecer que se votar em um deles será seguindo princípios Bíblicos. Precisamos tomar cuidado com isso!

Mateus 7.13-14:

13 Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela;
14 e porque estreita é a porta, e apertado o caminho que conduz à vida, poucos são os que a encontram.

Mateus 19.26: Jesus, fixando neles o olhar, respondeu: Aos homens é isso impossível, mas a Deus tudo é possível.

Quando dizemos que defendemos princípios Bíblicos, temos que tomar cuidado com a forma como fazemos isso. Porque não podemos fazer ou cobrar uma coisa e fazer vistas grossas com outra! A porta é estreita, tem que tomar cuidado com tudo!

Mas quando aceitamos a Jesus verdadeiramente como Senhor e Salvador, o Espírito Santo nos encaminha naquilo que é verdade. E não precisamos ficar tomando cuidado com cada ponto a ser observado, mas temos que aceitar a direção do Senhor e praticar. Quando, por qualquer motivo, desviamos o nosso olhar, corremos o risco de começar a afundar no caminho do erro!

Todos os princípios que defendemos, nós anunciamos e praticamos. Não devemos nos preocupar com definições legais ou encaminhamento de seres humanos. Anunciamos a tempo e fora de tempo, como nos recomenda 2 Timóteo 4.1-5:

1 Conjuro-te diante de Deus e de Cristo Jesus, que há de julgar os vivos e os mortos, pela sua vinda e pelo seu reino;
2 prega a palavra, insta a tempo e fora de tempo, admoesta, repreende, exorta, com toda longanimidade e ensino.
3 Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo grande desejo de ouvir coisas agradáveis, ajuntarão para si mestres segundo os seus próprios desejos,
4 e não só desviarão os ouvidos da verdade, mas se voltarão às fábulas.
5 Tu, porém, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério.

Não buscamos favores ou favorecimentos das coisas humanas, mas seguimos fazendo mesmo com adversidades: pregamos e testemunhamos com a prática de nossas ações. As pessoas podem se unir em ideias e conceitos que acham verdadeiros, seguindo "influenciadores digitais" ou gostando apenas quando uma postagem, um texto ou uma fala em vídeo ou áudio agrade o que prefere (tendo mestres segundo os próprios desejos), podem querer que meras opiniões (que devem ser respeitadas) sejam tratadas como verdade, quando opinião é uma coisa, verdade é outra (logo, se desviam da verdade e preferem fábulas), mas nós abrimos mão das "coisas agradáveis" ao entendimento e seguimos na direção da vontade do Senhor.

Não podemos defender alguns princípios e fazer vistas grossas quando outras coisas igualmente importantes são negligenciadas. A porta é estreita!

Vote em quem você quiser! Mas não defenda que o seu preferido representa o cristianismo ou os princípios Bíblicos!

Gostem ou não, nenhum candidato representa a totalidade nem da lista que cito abaixo, nem de tantas outras coisas que não citei. Reclamar de um por algumas coisas e calar sobre o outro por conta de outras não é seguir princípios Bíblicos, é partidarismo! E esse conceito é igualmente errado segundo a Bíblia. O que é certo para um, será para o outro, e o que é errado para um, será para o outro. Quando é errado para um, mas para o outro a gente acha "explicações", quando falamos do errado em um, mas "abafamos" sobre os erros do outro, é partidarismo, não é seguir princípio Bíblico! 

E não tem essa de "pelo menos tem mais coisas" porque Gálatas 5.22 nos fala de "FRUTO do Espírito", no singular mesmo: não tem como apresentar uma parte e ter o fruto todo. É necessário ser completamente direcionado pelo Espírito. Quem erra mesmo conhecendo a Palavra (porque não somos infalíveis) conta com o Senhor para correção, mudança, misericórdia e ajuste. Não conseguimos o tempo todo fazer as coisas certas, mas não ficamos repetindo os mesmos erros, porque isso seria permanecer no pecado! A porta é ESTREITA!

Apresento uma pequena lista:

Sou contra o aborto. Mas entendo os dispositivos legais e as crises diante de um crime que leve a uma gravidez. Precisamos ter consciência que o Senhor vê o coração, não vê como nós vemos. Eu não deixarei de ser contra, mas sempre entenderei que o livre arbítrio é uma realidade dada pelo Senhor e não sou eu quem tem que decidir por outra pessoa. Posso dizer o que penso e vou dizer, mas o Senhor dá o livre arbítrio para cada pessoa encaminhar as coisas.

Sou contra palavra torpe. Não negocio com isso. Não entendo que apenas "palavrão" seja palavra torpe, mas esse tipo de linguajar figura sim no "topo da lista" das palavras que devem ser deixadas de lado. Com a direção do Espírito Santo somos sim capazes de tomar cuidado com as coisas que falamos para deixar de lado toda e qualquer palavra torpe, desde palavrões até coisas que não edificam nem ajudam em nada.

Sou contra a legalização das drogas. E entendo que existem drogas aceitas e legalizadas, o que já é errado no meu entendimento! Mas, da mesma forma, não posso deixar de lado a ideia do livre arbítrio dado pelo Senhor. Vou pregar contra, anunciar que é possível viver sem isso, mas de nada adianta um dispositivo legal para impedir. Não é suficiente espiritualmente falando. Mesmo que um político encaminhe leis a favor ou contra o meu pensamento, nunca deixarei de ter a responsabilidade de seguir pregando! Luto contra, mas sei que não será uma lei que resolverá isso. Só a direção do Espírito Santo resolve!

Sou contra a explosões de temperamento. Pedro era sim explosivo, falava logo, era capaz de dizer que Jesus era o Cristo direcionado pelo Espírito e repreender Jesus com relação ao revelado sobre os sofrimentos que Ele passaria direcionado pelo diabo. Foi capaz de cortar a orelha de um dos que estavam lá para prender Jesus para defender o Mestre e negar em seguida, dizendo que nem conhecia! Mas depois da ressurreição e da descida do Espírito Santo, Pedro mudou! Ele mesmo foi preso e não cortou orelha de ninguém, antes se alegrou por ser achado digno de sofrer afrontas pelo nome de Cristo. Então, temperamento explosivo o tempo todo é comparado com Pedro de ANTES da descida do Espírito Santo. Logo, falta a direção do Espírito para mudar!

Sou contra as armas. Entendo que elas não resolvem nada. Entendo a ideia de uma guerra e me preocupo com isso, porque tudo fica complicado numa situação dessas. Mas como tese eu sou contra as armas. Sei da necessidade na segurança pública, até por conta dos que não respeitam nem mesmo a lei e podem ter esse tipo de coisa mesmo que a lei definisse que não poderiam, mas tenho sérias preocupações com um "libera geral" (ainda que com regras, deixar mais fácil o acesso) para qualquer pessoa. Se os que não respeitam a lei já conseguem até com leis restritivas, se as leis são afrouxadas e mais pessoas podem ter, será mais fácil para os que não respeitam ter mais ainda. Jesus recomendou contra a espada e mesmo quando falou que poderia ser necessária, quando revelaram que tinham alguma coisa, Ele encerrou o assunto, o que me faz pensar que Ele tinha outro ponto a apresentar naquele diálogo, ou diria que era para "conseguir mais" antes de seguir.

Sou contra a ideologia de gênero. Entendo que macho e fêmea foram criados. Entendo que Romanos, não apenas Levítico, recomenda contra sexualidade fora do "homem e mulher" e tem mais outras recomendações para se viver a sexualidade de acordo com o padrão de Deus, sendo que não é só a questão "homo" que apresenta problemas. Mas isso me preocupa quando chega dentro da igreja! Porque quem vive o pecado deve sim ser acolhido e convidado a mudar. Nunca pode ser "expulso". Até pode ir embora por conta própria como aquela pessoa que se aproximou de Jesus e tinha bens se afastou quando foi recomendado que abrisse mão desses bens, não "expulso". Só que a igreja não pode negociar com esse ponto! Acolher, receber, conviver, é uma coisa e é importante. Mas não será certo, é algo que precisa mudar diante do Senhor. Acontece que nenhuma lei e nenhuma disposição humana poderá mudar como eu penso: mesmo que eu seja perseguido por entender como entendo, seguirei o mesmo caminho. Logo, não espero isso "do mundo", antes, até espero a perseguição, para ser exato!

Sou contra a mentira. Por isso me preocupo tanto com a igreja metida no meio da política, porque sempre tem muita mentira nesse meio. Não dá para negociar com isso, porque o pai da mentira é nosso inimigo!

Sou contra a degradação do meio ambiente. Verdadeiros criadores e produtores sabem que é preciso encontrar equilíbrio entre o lucro e a questão ecológica, ou tudo se perderá. A Bíblia diz que devemos sujeitar a terra, dominar, e eu entendo essa ideia como cuidado, responsabilidade, e não liberdade para fazer o que quiser e destruir a criação de Deus!

Sou contra as discussões intermináveis. Não faz sentido ficar sempre dizendo um "mas e tal coisa", aumentando o que se compara numa discussão, sem resolver. Cada coisa deve ser resolvida e de nada adianta comparar uma coisa errada com outra coisa errada. Cada uma deve ser resolvida e não servir de comparação para dizer que "é assim".

Há muitos outros pontos que posso apresentar com base nos princípios Bíblicos. Mas entendo que o Espírito nos direciona e acredito que já citei pontos demais. Pode parecer regra, lei, quando é apenas apresentação de entendimento das coisas que vejo na Bíblia.

Temos que tomar cuidado com essas e outras tantas coisas, porque a porta é estreita!

Diante disso tudo, penso que o avivamento tarda porque está faltando uma nova Reforma!

Forte abraço!
Em Cristo,
Ricardo, pastor

segunda-feira, 25 de julho de 2022

Confirme a vontade do Senhor!

Olá! Graça, Paz e Alegria!


Precisamos tomar cuidado com tentar transformar o que preferimos como melhor em vontade do Senhor!

Acabe tinha seus profetas. Eles eram reconhecidos, entendiam que tinham autoridade (pois até teve um enfrentamento para confrontar a autoridade com Micaías), talvez muitas pessoas ouvissem o que eles falavam. Só que naquele momento, eles falavam sim em nome do Senhor, mas não para que se confirmasse o que eles falavam, antes era para enganar Acabe a fazer o que ele queria e achava que teria sucesso, mas que seria para o seu fim.

Muitas vezes, quando uma "pessoa de Deus" fala, muitas pessoas que gostam do que é falado já tentam dar legitimidade e autoridade. Entendem como "palavra do Senhor", porque agrada ao próprio coração e entendimento. 

Algumas vezes pode sim ser do Senhor! Mas nem sempre é...

O nosso coração pode nos enganar com o que achamos melhor! Algumas vezes, o Senhor pode agir pelo caminho que parece estranho e pior aos nossos olhos, mas completa a obra da melhor forma! E outras, o que vimos como melhor nem era tudo isso e o Senhor já nos leva por outra solução, muito melhor!

Talvez  consigamos notar quando a solução já se encaminha de forma melhor ao que nós entendíamos como bom. Mas e quando acontece como José, no livro de Gênesis, que a promessa era que ele seria grande e no fim, foi vendido como escravo, preso injustamente e esquecido na prisão antes do cumprimento? O Senhor pode agir assim conosco também! Ou só valia para José?

No texto recomendado, os "profetas" não estavam entendendo que o que eles falavam não era para "dar certo" da forma como eles apresentavam. Micaías foi o único a dizer como realmente as coisas estavam se encaminhando, qual era a verdadeira revelação, e ela não agradou, mas se cumpriu!

Talvez, os outros profetas fossem vistos como "homens de Deus". E Micaías como o "do contra", o "chato", mas no fim, ele era realmente o homem de Deus nessa situação!

Cuidado com achar as palavras que as pessoas dizem como sendo "de Deus" sem antes buscar no Senhor a confirmação. Não se apresse com isso só por agradar e confirmar que o que você pensa "estar certo", porque pode ser diferente! Se apenas agrada o que você prefere, pare um tempo para buscar sinceramente no Senhor. Se precisar, faça como Gideão e "coloque o algodão do lado de fora". Não apenas se agradar originalmente, faça mesmo que seja bem diferente do que você preferia, mas busque confirmação no Senhor SEMPRE! 

Então, busque a confirmação no Senhor e não na confirmação do que você prefere. Pode até ser confirmado que o que você entendeu vinha do Senhor! Mas pode acontecer de você estar vendo a sua vontade e querendo que ela seja a do Senhor, e aí, é melhor se acertar com o Senhor e aceitar a vontade Dele mesmo. Porque Ele tem compromisso com a Vontade Dele e não com o que você acha melhor!

Forte abraço!
Em Cristo,
Ricardo, pastor

quarta-feira, 22 de junho de 2022

Opinião Pessoal e Livre Arbítrio

Olá! Graça, Paz e Alegria!

O texto que nos motiva nesta mensagem está em Mateus 19.16-22:

16 E eis que se aproximou dele um jovem e lhe disse: Mestre, que bem farei para conseguir a vida eterna?
17 Respondeu-lhe ele: Por que me perguntas sobre o que é bom? Um só é bom; mas se é que queres entrar na vida, guarda os mandamentos.
18 Perguntou-lhe ele: Quais? Respondeu Jesus: Não matarás; não adulterarás; não furtarás; não dirás falso testemunho;
19 honra a teu pai e a tua mãe; e amarás o teu próximo como a ti mesmo.
20 Disse-lhe o jovem: Tudo isso tenho guardado; que me falta ainda?
21 Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, segue-me.
22 Mas o jovem, ouvindo essa palavra, retirou-se triste; porque possuía muitos bens.

A mensagem de hoje leva em conta uma situação da atualidade, para pensarmos como exemplo tanto para casos iguais como para outras situações que ocorrem na vida e que a ideia possa ser aplicada. Porque o texto Bíblico recomendado para a meditação, igualmente fala de uma situação específica, a interação de um jovem, sua motivação inicial em fazer a vontade de Deus e sua desistência diante da sugestão que Jesus fez. Meditar a respeito dessa situação específica pode nos ajudar a praticar as coisas em outras situações, quando entendemos que o Senhor está nos chamando, nos desafiando para fazer algo: mesmo que façamos o que a maioria entende como certo, podemos ter um chamado, um desafio específico para fazer algo mais. Preferimos mesmo fazer a vontade do Senhor se ela tiver um chamado, um desafio especial para nossa vida ou achamos que só temos que fazer o que todo mundo acha que é suficiente? Jesus pode nos chamar para ir além em nosso testemunho! E precisamos estar prontos, dispostos e disponíveis para atender ao Senhor em qualquer situação, e não apenas na questão financeira que seria o exemplo da situação do texto Bíblico que nos motiva.

Os cristãos não podem simplesmente agir com o desejo de fazer as coisas que são certas. Quando somos bonzinhos, agimos como aquele jovem do texto, que cumpria todas as observâncias da Lei. Na parábola do Bom Samaritano (Lucas 10.25-37), vemos um sacerdote e um levita (cumpridores da Lei) passando de largo diante de alguém com necessidades.

Além de fazermos as coisas boas para nossa própria vida (cuidar da nossa vida de santidade, tomando cuidado com as coisas erradas), devemos fazer algo mais. Dar frutos que brotem para a vida eterna é a nossa responsabilidade.

Boas atitudes só, não são o fim de tudo. Precisamos nos preocupar com todos, salvos ou não. Com os salvos, para que não venhamos a ser pedra de tropeço para que alguém se perca. E para os não salvos, para que eles venham a se converter (sem contar com também não sermos pedra de tropeço para estes também).

E precisamos, claro, ter ouvidos atentos ao desejo do Senhor. Como no caso desse diálogo de Jesus com o jovem, o Senhor pode nos pedir para deixar algo que não seja o necessário do ponto de vista do todo, de todas as pessoas. Nem todos são convidados a vender tudo e dar tudo aos pobres! Mas para esse, Jesus pediu. E se o Senhor pedir especificamente para você deixar algo que não pediu para outro? Está pronto para abrir mão para seguir a vontade do Senhor?

Depois dessa meditação inicial sobre o texto específico, que pode voltar a qualquer momento desta mensagem, da mesma forma, gostaria de pensar a respeito de uma situação que está na mídia e nas redes sociais como um assunto que desperta paixões exageradas e, com base nessa meditação, pensar tanto em casos iguais como em qualquer outra situação em que possa se encaixar o aprendizado que meditar nessa situação possa nos trazer!

E mais: gostaria que pensássemos nessa loucura que a exposição de um assunto ganha num dia e deixa de chamar a atenção no outro porque outro assunto surgiu. Muitas vezes, muda o tema que fica em evidência, vira "notícia velha" no mesmo dia! Se aproveitássemos as lições de um assunto para aplicar o que pudesse ter analogia em outras situações, talvez não teríamos tantos assuntos ganhando notoriedade e perdendo em seguida, antes, poderíamos encaminhar alguma solução real e que pudesse ser aplicada analogamente em situações minimamente parecidas ou que pelo menos houvesse um ponto de partida para encaminhar o assunto para a solução e não apenas para a discussão como muitas vezes acontece até com assuntos repetidos. 

Não nego a necessidade de discutir os assuntos! Apenas acho estranho as discussões que nunca acabam, sempre voltam, e não se encaminha uma solução. Em vez de discutir até assuntos iguais novamente, seria melhor aproveitar as situações já discutidas para ter encaminhamentos que pudessem ajudar numa solução tanto dos assuntos iguais como dos análogos ou até diferentes, mas que permitem pensar algo a partir de uma situação anterior. Parece que o pessoal gosta mesmo é das discussões sem fim em vez de querer encaminhar uma solução... o que parece ser conscientização, porque se o assunto está sendo discutido, estamos tentando conscientizar a respeito de alguma coisa, mas no fim contraria 2 Timóteo 2.23 ou Tito 3.9 que nos recomenda tomarmos cuidado com as discussões sem fim... A discussão tem sua importância, mas para encaminhar algo e não apenas por discutir...

O assunto que penso para este momento é o aborto negado judicialmente a uma menina de 11 anos que foi estuprada.

Primeiro ponto: pessoalmente, entendo que o aborto não é algo que deva ser feito. Mesmo que digam que sou homem e não posso opinar, eu não digo com base em masculino e feminino, ou que digam que pobre não pode fazer, mas rico faz no exterior. Digo que não deve ser feito com base no que entendo da questão da vida e sua importância por conta da leitura da Bíblia. E a discussão da questão social de "pobres e ricos" não se aplica para mim, porque não importa se seja feito no Brasil ou no exterior, no mais profundo abismo, nos céus como águia, dentro da barriga do peixe grande, não importa onde, minha posição de que não deva ser feito continua a mesma. Essa é uma posição pessoal, que recomendo, mas é apenas pessoal. Espero que isso seja entendido na sequência do texto! Na questão social, quem é a favor do aborto pode e entendo que até deve discutir a questão de "pobres ou ricos", no país ou no exterior, mas quem seguirá sendo contra pessoalmente, nem tem como abrir essa discussão social no meu entendimento!

Segundo ponto: entendo a lei que define que o aborto pode ser feito em algumas situações, mesmo que eu seja contra em qualquer uma. Então, no que dependesse de mim, se fosse para eu tomar a decisão pessoalmente, e esse é o ponto – decisão pessoal e para atingir a minha vida, não a de outra pessoa, eu não seguiria a permissão da lei, por ser permissão e não obrigação, por entender que o aborto não deva ser feito. Mas a lei permite em algumas situações e a decisão deve ser pessoal.

Mesmo entendendo a crise, por exemplo, de ter uma gravidez onde seja constatado que o bebê não tem cérebro. Pessoalmente, fico em crise de pensar em levar a gravidez até o final com uma sentença dessas! Mas do ponto de vista da leitura da Bíblia, ainda que humanamente entenda as crises e pessoalmente passaria por elas se o Senhor permitisse uma situação assim envolvendo a minha vida, eu seguiria contra. Mesmo a medicina acertando na grande maioria dos casos, ainda há situações pontuais que há um erro médico! Assim, eu seguiria mesmo com toda a crise envolvida. Mas essa é uma posição que seria minha e para atigir apenas a mim! Como eu não engravido, poderia seguir dizendo o que penso e recomendando, mas não obrigaria uma pessoa a fazer o que penso. Faria pessoalmente, mas ao outro, posso apenas recomendar!

Vou retomar essa questão da decisão ser pessoal em alguns momentos. Afinal, ela é importante para pensarmos a questão do livre arbítrio! E isso não apenas nessa situação específica, mas em qualquer uma!

Mas antes, preciso ainda pontuar nesta parte que a questão das “vinte semanas” parece ser apenas norma interna do hospital onde o pedido para o aborto foi feito. Se a lei permite o aborto na situação da menina, mesmo eu entendendo que não se deva praticar o aborto nunca, o hospital deveria rever sua posição interna para não criar problemas contra a lei apenas para "desencargo de consciência" ou jogar com uma possível demora da justiça. Até entendo, e logo escreverei sobre isso, a questão de seguir regras de um clube para fazer parte dele, mas não sei se ela se aplica especificamente nessa questão do hospital e a possibilidade legal do aborto.

Agora, se a lei tem previsão de um prazo, isso igualmente deve ser respeitado e quem não concorda, deve lutar para mudar a lei, da mesma forma que se a lei não tem previsão de prazo, o hospital deveria se adequar ao aspecto legal e, se quiser que seja diferente, lutar pela mudança na lei. O que não pode ser feito é ter uma coisa na lei e uma pessoa qualquer, na justiça ou no hospital, querer encaminhar que outra pessoa venha a fazer diferente porque quer diferente. Na decisão pessoal, se tanto faz seguir ou não a lei (e o aborto pode ou não ser praticado em situações específicas, não é obrigatório), tudo bem. Para definir pelo outro, é necessário seguir o que a lei define e, nesse caso, a juíza teria que autorizar, mesmo que recomendasse pessoalmente contra. Acho que pessoalmente ela poderia falar fora do processo, pelo menos, entendo que no processo nem mesmo a posição pessoal poderia ser apresentada, mas como cidadã, poderia apresentar sua posição como qualquer pessoa. Na questão legal, não: a vontade e o entendimento pessoal não devem se sobrepor ao entendimento legal. Afinal, a mediação do assunto era com base no que a lei diz e não com base no que ela prefere!

Mesmo que a decisão dela seja na direção de impedir o aborto, e o meu entendimento é que o aborto não deva ser praticado, em tese não posso concordar com o que ela fez! Porque se eu gostar que a opinião pessoal de um juiz seja aplicada mesmo contra a lei quando concordo, um dia poderá acontecer de um juiz contrariar a lei e aplicar sua decisão pessoal igualmente, mas que seja diferente do que prefiro! Aí, não vou gostar, não é? Então, em tese, para seguir a questão da justiça, dos pesos justos que Provérbios apresenta, mesmo que eu concorde que o aborto não deva ser praticado, entendo que a juíza errou ao ir contra a lei. Gostaria que a lei mudasse, mas enquanto ela está em vigor, mesmo eu não concordando, ela deve ser aplicada! Não posso reclamar só se o troco errado veio a menos. Tenho que devolver se ele foi a mais! Não posso me calar se fizer contra a lei o que prefiro, pois um dia podem fazer contra a lei o que não quero! Precisamos que a lei seja seguida e não a opinião de cada um, ou sempre teremos decisões diferentes para casos iguais! E quando se aplica a lei, se não concordamos com ela, lutamos por mudança! Mas é melhor assim que "cada cabeça, uma sentença", pois um dia será como prefiro e no outro, completamente diferente...

Diante de tudo o que escrevi, preciso pontuar que eu pratico o que acredito pessoalmente e recomendo para os outros a mesma coisa. Não posso obrigar o outro a fazer o que eu acredito, a menos que seja uma decisão de uma comunidade específica. Aí, é como se fosse um clube com suas regras e para fazer parte do clube, tem que seguir as regras do clube. Não faz sentido querer estar no clube e fazer tudo diferente do que o clube define. Quando muito, se tenta mudar as regras, mas sempre que elas estiverem em vigor, para fazer parte, tem que seguir! 

Não sou obrigado a participar do clube, posso não participar, então, se decido participar, devo sim seguir as regras! Não sou obrigado a dirigir, mas se decido participar do clube das pessoas que dirigem, preciso seguir as regras desse clube! Não sou obrigado a fazer parte de uma igreja específica, mas se decido fazer parte, tenho que seguir as regras desse grupo!

Jesus recomendou ao jovem no texto Bíblico sugerido no início que fizesse algo para fazer parte do clube dos Seus seguidores. Ele não era obrigado a fazer, mas para fazer parte do clube, precisava fazer. Mesmo assim, Jesus não obrigou o outro a fazer o que Ele entendia que deveria ser feito! Recomendou, sugeriu, convidou...

Deus nos dá o livre arbítrio. Nem Ele nos obriga a agir de acordo com Sua vontade. Apresenta, recomenda, chama e convida, gera o querer e o efetuar, mas não obriga! No fim, decidimos se queremos seguir ou não. Para seguir, temos que obedecer, claro! Mas não somos obrigados a obedecer. Somos livres! Tudo é lícito, ainda que nem tudo seja conveniente. Podemos sim fazer tudo, até o que é errado, mas o que é errado não é bom fazer e devemos decidir se fazemos ou não, caso queiramos obedecer ou não a vontade do Senhor. O que muitas vezes se espera é fazer qualquer coisa e ter apenas as vantagens, o bônus, mas qualquer decisão de fazer ou não algo tem tanto bônus, tanto vantagem, quanto ônus, quanto consequência. Podemos fazer o que quisermos, mas temos que aceitar tanto o bônus como o ônus!

Algumas pessoas entendem que é certo impor ao outro o seu pensamento. Como alguns podem dizer que se a juíza era contra, ela não poderia dar autorização. Bom... se ela fosse a favor poderia mesmo contra a lei e na opinião de quem é contra? A conversa seria diferente, não é?

Então ela não deveria ser juíza com base na lei, antes poderia quando muito ser juíza de um "clube" como a ideia que apresentei acima! Se a lei permite, e se Deus dá o livre arbítrio, por que eu vou decidir pelo outro o que pode ou não? Nesse caso em especial, ela teria que seguir a lei, ainda que recomendasse pessoalmente diferente, e acredito que essa posição pessoal possa ser apresentada fora do aspecto legal. Não pode obrigar a vontade pessoal a outra pessoa... quando muito, mediar com base na lei ou na decisão do "clube", nunca só com base no entendimento pessoal. Com base no que entende pessoalmente, pode recomendar, ou sugerir, até dar o exemplo vivendo, sem crise, pois o entendimento pessoal seria para aplicar apenas para sua própria vida e por isso, entendo que se ela não está disposta a fazer o que a lei encaminha, ela não poderia ser juíza.

Deus dá o livre arbítrio e permite que a pessoa não faça o que Ele entende como certo. E eu vou ter que decidir pelo outro o que pode ou não ser feito com base no que eu acredito? Não! Eu posso falar o que entendo como certo, mas o outro faz ou não por decisão pessoal. Não sou mais que Deus! Se ele deixa a pessoa livre para fazer a vontade Dele ou não, eu não posso obrigar alguém a fazer o que eu entendo como certo... Posso sugerir, dar o testemunho com minha prática pessoal, mas não obrigar o outro...

Essa questão de querer que o outro faça o que eu acredito porque “é a vontade de Deus” parece bonito, agradável e parece certo. Parece que se eu falar qualquer coisa que não seja “faça ou não faça” estou sendo conivente. Mas isso é coisa do farisaísmo, não do cristianismo! O cristianismo joga sementes, convida, chama. Não impõe ao outro... até fala o que é a vontade de Deus, mas nunca obriga o outro, só convida, recomenda, dá testemunho vivendo, mas não fica cobrando! Quem cobrava era o farisaísmo! O jovem naquele texto Bíblico que iniciou esta mensagem foi embora depois da sugestão de Jesus. Não fez o que Jesus sugeriu. Jesus apresentou o que deveria ser feito, mas não cobrou nem obrigou, apenas convidou!

Faria mais sucesso uma mensagem onde eu falasse que se eu não recomendar apenas o que entendo como certo e ficar cobrando que se faça apenas isso, e ainda incluir a ideia que devo cobrar ou estou sendo conivente com o erro, do que uma mensagem onde eu realmente diga que o que eu acredito, mas deixando claro que a pessoa tem o livre arbítrio para seguir ou não. Mas mesmo fazendo mais sucesso, não seria Bíblica, não seria cristã...

A lei deve ser seguida, mesmo que pareça injusta. Jesus fala sobre dar a outra face, carregar a segunda milha, dar a capa se pedirem a túnica... A lei não obriga o aborto antes que digam que o aborto é permitido em algumas situações! Sim, é permitido, não obrigatório! Então, pode ou não fazer e assim, ainda mantenho o meu entendimento que não se deve fazer, e a outra pessoa pode decidir fazer mesmo não sendo o meu entendimento...

Não é por ter muito imposto e investimento errado, desvio, que posso "dar um jeito" ou "explicar" e não pagar o imposto. Devo dar a César o que é de César e não ficar explicando porque não estou dando... A lei deve ser seguida até o limite da negação direta de Deus! Isso por não devermos temer quem mata o corpo. Pessoalmente, não podemos desobedecer uma lei apenas porque a achamos injusta, mas devemos desobedecer e devemos estar prontos para a cova dos leões, para a arena, perseguição e essas coisas, se a lei for contra Deus, for para negar ao Senhor, for para prestar culto ou adoração a qualquer outro. Essa é uma regra que só pode ser desobedecida por disposição e ação pessoal! Eu não posso obrigar o outro a adorar somente ao Senhor, mas posso obedecer pessoalmente, mesmo que tenha consequências.

Por isso, devemos tomar cuidado com o que queremos decidir sobre a atitude do outro! Podemos recomendar, sugerir, convidar. Mas o próprio Deus dá o livre arbítrio para que a pessoa faça ou não a Sua vontade. Não posso querer ser mais do que Deus e decidir pelo outro! Sugiro, recomendo, convido, jogo sementes, mas a decisão não está na minha mão nem qualquer coisa que eu faça, na direção de concordar ou discordar, fará diferença no livre arbítrio pessoal. Eu posso dizer o que eu penso, e eu sou contra o aborto, posso recomendar e se a lei fosse taxativa, poderia cobrar que a lei fosse cumprida. Mas mesmo que a lei fosse taxativa contra, eu não poderia impedir a outra pessoa de fazer por vontade própria, como não poderia obrigar a outra pessoa a não fazer. Ela decide pessoalmente, com ônus e com bônus. Posso sugerir, recomendar, dizer o que eu penso e até praticar o que eu penso, mas não posso obrigar o outro a fazer o que eu prefiro, porque Deus dá o livre arbítrio e eu não sou mais que Deus...

Poderíamos seguir e pensar na questão das pessoas que tentam evitar a perseguição por lei, quando Jesus disse que se fizermos a vontade de Deus e mesmo assim formos perseguidos, somos bem-aventurados, já que disse que eu posso dizer o que eu penso. Alguém pode dizer que não se posicionar agora a favor do que prefere pode gerar no futuro a impossibilidade de dizer o que pensa. Mas, sinceramente, se esse dia chegar, eu prefiro continuar fazendo o que entendo como vontade do Senhor e ser bem-aventurado por ser digno de perseguição neste mundo por seguir a vontade de Deus do que tentar lutar contra e ser aceito por este mundo. Não vou preferir a perseguição, nem apressar ela, mas se ela acontecer, quero estar do lado certo pessoalmente e que meu testemunho possa impactar outras pessoas como foi no começo do cristianismo, onde a morte de tantas pessoas serviu para o avanço da mensagem por conta do testemunho.

Recomende, convide, chame, testemunhe! Mas não obrigue. Pois Deus permite o livre arbítrio e cada pessoa deve, pessoalmente, decidir, eu não posso decidir pelo outro.

Que o Senhor nos abençoe!

Até mais, permitindo o Senhor

Forte abraço!
Em Cristo,
Ricardo, pastor